Toda a Vida para Glória de Deus!
É comum ouvirmos no meio cristão a
expressão “minha vida secular” e “minha vida espiritual”, como se fossem
duas “vidas” que não têm qualquer relação uma com a outra. Será que o cristão pode
viver uma vida compartimentalizada? Será que há alguns aspectos da vida pelos
quais Deus não se interessa? Com um olhar atento para as Escrituras, nota-se que
em toda a Bíblia há um chamado para uma vida de dedicação integral a Deus, com
o propósito de glorificá-lo em todo ser
e fazer.
Deus estabeleceu um relacionamento
com o homem por meio de alianças. As alianças foram feitas com Adão, Noé,
Abraão, Moisés, Davi e em Jesus, a Nova Aliança. A essência das alianças é a
mesma desde Gênesis a Apocalipse. Em Gênesis, Deus estabeleceu a aliança com
Abraão com o propósito de “ser o teu Deus
e da tua descendência” (Gn 17.7). Em Apocalipse a essência é novamente
enfatizada: “Eles serão povos de Deus, e
Deus mesmo estará com eles” (Ap 21.3). Isso significa que, desde o Antigo
Testamento, até a consumação de todas as coisas, Deus tem separado um povo viver
integralmente para Ele.
O
propósito de viver integralmente para Deus pode ser visto na vida de Adão, quando
ele recebe de Deus mandatos que envolvem o trabalho (Gn 2.15), o casamento (Gn
2.18-25) e o descanso, juntamente com a adoração em santidade (Gn 2.3 e 16). Em
todas essas áreas da sua vida Deus deveria ser honrado. Em Noé encontramos a
mesma integralidade (Gn 9.1-17), que continua sendo enfatizada por Deus na
aliança com Abraão (Gn 12.1-3) e com Moisés, onde Israel deveria glorificá-lo em
todas as áreas da sua vida, sendo uma nação totalmente dedicada em santidade ao
SENHOR (Êx 19.5-6; Lv 19.2). Portanto, absolutamente nada na vida de Israel estava
à parte da aliança com Deus.
No
Novo Testamento há uma continuidade clara deste propósito de Deus para o Seu
povo. A vida por inteiro deve ser dedicada ao Senhor: estudo, trabalho, família
e tudo mais está incluído na aliança. Quando Jesus chama seus discípulos, ele
os chama para viver integralmente para ele: “Dizia
a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua
cruz e siga-me” (Lc 9.23). Este, certamente, não é um chamado para viver
apenas no domingo para Ele, mas para uma vida totalmente entregue e diariamente
dedicada ao Senhor. Paulo, inspirado pelo Espírito, demonstra a integralidade
dos mais diversos aspectos da vida do povo de Deus, e que todos estes devem ser
alinhados à vontade dele estipulada na aliança. O relacionamento entre irmãos
na fé, incluindo o uso dos dons (Ef 4.1-5.21); a vida em família, tanto no
casamento, como na criação dos filhos (Ef 5.22-6.4); no trabalho, entre senhores
e servos (Ef 6.5-9) e tudo mais deve refletir uma vida totalmente consagrada a
Deus.
Portanto,
tudo na vida é sagrado, tudo é espiritual e deve glorificar a Deus. Não é
apenas o pastor e o missionário que vivem integralmente para Deus, todos os
discípulos de Jesus devem viver desta forma:
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso
corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional” (Rm 12.2). Abraham Kuyper disse que “não existe sequer um centímetro de nossa natureza humana do qual
Cristo, que é soberano de tudo, não proclame ‘Meu!’”. Cada partícula do
universo e cada célula do nosso corpo pertencem a Deus. Sendo assim, seja no
comércio, na política, na educação, na ciência, na arte, em qualquer papel
desempenhado na sociedade ou em qualquer profissão, o cristão deve glorificar a
Deus. Este chamado bíblico significa que o cristão deve dedicar toda a vida e a vida toda para glória de
Deus: “Portanto, quer comais, quer
bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co
10.31).
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