A Missão da Igreja à Luz da Missão de Cristo
A igreja do Senhor Jesus possui uma missão, ela foi enviada pelo próprio Cristo ao mundo. Durante a história houve sérios desvios da verdade, que afetaram seriamente a compreensão e prática da missão da igreja, como aconteceu na Idade Média, por exemplo. Por outro lado, é possível perceber que, em vários momentos, muitos buscaram e continuam buscando retornar às Escrituras para compreenderem melhor as bases para a vida da igreja. Contudo, é bem verdade que há na prática da igreja atual muita confusão no que tange à sua missão. O pragmatismo tem causado vários problemas na igreja de hoje, porque a ideia central é buscar fazer aquilo que dá certo, não o que é certo biblicamente. Em resumo, muitos estão em busca de resultados, e isso nem sempre significa que estão cumprindo sua missão como deveriam. Hermisten M. P. Costa (1996, p.19) observa que “nem toda proclamação que ‘surte efeito’ é evangelização, e nem toda pregação que ‘não alcança os resultados esperados’ deixou de ser evangelização. Esta visão pragmática não pode ser aplicada à evangelização [...]”. Diante disso, é imprescindível buscar o fortalecimento das bases bíblicas da missão da igreja.
O propósito neste artigo é investigar resumidamente as bases para a missão da igreja no Evangelho de João. Entende-se que “o foco cristológico do Quarto Evangelho é a chave para compreender a sua teologia da missão” (SENIOR, 2010, p. 425). Portanto, não há como entender a missão da igreja à parte da missão de Cristo. Partindo deste entendimento, é preciso caminhar com o apóstolo João em alguns textos deste precioso Evangelho, destacando os principais aspectos da missão de Cristo, aplicando-os à missão da igreja.
1. Cristo como enviado do Pai, a Igreja como enviada de Cristo
João apresenta Jesus como sendo o enviado do Pai. O senso da missão de Cristo em João é entendido a partir desta verdade: Jesus foi enviado pelo Pai! O próprio Jesus descreve a sua missão a partir do entendimento de que ele não viera por si mesmo, mas fora enviado pelo Pai: “Eu o conheço, porque venho da parte dele e fui por ele enviado” (João 7.29).
São utilizadas duas palavras para descrever este “envio”, as palavras πεμπω (pempo) e αποστελλω (apostello). Alguns estudiosos destacam uma diferença básica entre as estas palavras, mas o uso das duas palavras em João, sem fazer qualquer distinção, reforça a ideia que, no texto joanino, esta diferença não existe. O uso intercambiável destes dois termos acontece, por exemplo, no capítulo 5, dos versículos 36 ao 38:
"Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a meu respeito de que o Pai me enviou. O Pai, que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz, nem visto a sua forma. Também não tendes a sua palavra permanente em vós, porque não credes naquele a quem ele enviou".
Como visto acima, no verso 36 João utiliza apostello, no verso 37 pempo e no 38 apostello novamente. Há vários outros textos que descrevem Jesus como enviado do Pai, utilizando as duas palavras indistintamente:
- Usando apostello-(3.17e34; 5.36e38; 6.29e57; 7.29; 8.42;10.36; 11.42; 17.3,8,21,23e25)
- Usando pempo- (4.34; 5.23,24,30,37; 6.38,39,40,44; 7.16,18,28,33; 8.16,18,26,29; 9.4; 12.44,45,49; 13.16,20; 14.24; 15.21; 16.5)
Portanto, em João não há distinção no significado destas duas palavras. A constatação no Quarto Evangelho, seja com apostello ou pempo, é que Jesus veio cumprir a sua missão como o enviado do Pai. “Tudo o que Jesus diz, vive, faz e quer reflete a sua consciência de ter sido enviado, reflete a sua consciência de missão”( PINO, 2000, p.2 ).
A igreja, por sua vez, é enviada por Cristo, assim como ele foi enviado pelo Pai. Na oração sacerdotal Jesus disse: “Assim como tu me enviaste ao mundo também eu os enviei ao mundo” (Jo 17.18). Aqui Jesus relaciona a sua missão com a missão que ele está entregando aos seus discípulos. Jesus faz novamente esta afirmação: “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21).
Stott (1982, p.35-36) diz que “a missão da Igreja resulta da própria missão de Deus e nela tem que modelar-se...então, para entender a natureza da missão da igreja, temos que entender também a natureza da missão do Filho”. Ao relacionar a missão da igreja com a missão de Cristo, precisa-se tomar cuidado com os extremos. Por um lado, há um grupo que diz que a missão da igreja, em todos os sentidos, é como a de Jesus, inclusive devendo acontecer as curas como no ministério de Jesus; por outro lado, há uma restrição demasiada por aqueles que dizem que a missão da igreja só se compara a missão de Cristo apenas no que se refere ao perdão de pecados. Este último grupo baseia-se no texto de João 20.21-23. É bem verdade que, no contexto, Jesus destaca a ideia de perdão de pecados: "Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos" (Jo 1.23). Contudo, é preciso compreender este texto à luz de todo ensino de João sobre o envio do filho pelo Pai. É possível perceber em João (e nos demais Evangelhos) que a relação da missão da igreja com a missão de Cristo é mais abrangente, não limitando-se apenas ao perdão dos pecados. Carson (2007, p.649-650) interpreta este texto afirmando que “é a perfeita obediência do Filho que está sendo enfatizada”. Ele desenvolve sua argumentação dizendo que, em sua obediência, Cristo “constitui o modelo definitivo para seus discípulos”. A obediência, de fato, é um ponto de relação, mas ainda é possível uma relação mais abrangente, sem, contudo, cair no extremo do primeiro grupo citado, pois há aspectos da missão de Cristo que só Ele cumpriu e não cabe à igreja, como por exemplo, a encarnação ou morte substitutiva. Contudo, princípios derivados da encarnação de Cristo, como o princípio da humildade, e da sua morte, que ensina o princípio da renúncia, são paralelos que podem e devem ser feitos.
Não há como descrever todas as implicações desta relação entre a missão de Cristo e a missão da igreja no Evangelho de João. Isto talvez resultaria em livros! Porém, destaca-se a seguir algumas destas implicações:
Encarnação - Em sua encarnação, Jesus deixa o modelo para a missão da igreja. NICHOLLS (1983, p. 52) afirma que “o único modelo missiológico supremo é a encarnação”. Na encarnação Jesus foi enviado ao mundo assim como a igreja foi enviada ao mundo. Isto implica que, como Jesus não é do mundo, a igreja também não é, mas ao mundo foi enviada (Jo 17.16-18). Cristo foi enviado em carne para revelar o Pai, Jesus mesmo disse "quem me vê a mim vê aquele que me enviou" (Jo 12.25), ele é a “expressão exata do ser de Deus”. A igreja, por sua vez, deve revelar Cristo ao mundo em sua existência e unidade, expressando quem ele é: "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros" (Jo 13.35). Além disto, na encarnação Cristo se humilhou, modelo este que deve ser seguido pela igreja em sua missão neste mundo (Fp 2.5-11), o qual é ainda enfatizado em João: “Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou” (João 13.14-16).
Autoridade - foi debaixo da sua autoridade que Jesus enviou os seus discípulos. Assim como Cristo foi enviado e recebeu autoridade do Pai, agora a igreja é enviada sob a autoridade do Filho e recebe dele autoridade para representá-lo. O Espírito é dado à igreja para que ela tenha, de fato, esta autoridade na medida certa (Jo 20. 22). Por isso, Jesus pode afirmar: “Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou" (Jo 13.20). A igreja cumpre sua missão não em seu próprio nome, ou em sua própria autoridade, mas na autoridade de Cristo
Proclamação - Jesus deixou claro que as palavras que ele dizia eram do Pai: "Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar"(Jo 12.49). O modelo para a igreja é que, como enviada de Cristo, ela não tem uma mensagem própria, mas deve transmitir a Palavras de Deus. Em sua proclamação, a igreja já tem uma mensagem estabelecida, a Palavra de Deus, o Evangelho de Cristo, não há outra mensagem! A igreja nada deve tirar nem acrescentar à mensagem já estabelecida por Deus, isto demonstra a importância de uma proclamação bíblica. A igreja que abandona a proclamação do Evangelho, deixando de anunciar a Palavra de Deus, que é inspirada, inerrante e completa, para anunciar qualquer outra mensagem, não está cumprindo a sua missão.
Obediência - Jesus demonstra verdadeira submissão ao Pai: “não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.38). A igreja como enviada de Cristo não deve fazer a sua própria vontade, mas a do seu Senhor. Para cumprir a sua missão, a igreja precisa aprender a renunciar sua vontade. Não há cumprimento da missão sem renúncia! Aquele que não renuncia sua própria vontade, não está apto para a missão. Fazer a vontade de Deus deve ser a comida da igreja! Infelizmente, hoje é possível presenciar igrejas que estruturam e desenvolvem todo seu ministério para fazer a vontade dos seus membros, conquanto, deveriam se estruturar para que, em cada aspecto, pudessem fazer a vontade de Deus. A missão da igreja inclui obediência à vontade de Deus revelada nas Escrituras.
Salvação - a obra de salvação em favor do seu povo é o propósito central da missão de Cristo ao vir ao mundo. Ele veio para salvar (Jo 3.17), esse foi o motivo pelo qual o Pai o enviou. A igreja não foi enviada para salvar neste sentido restrito, mas no sentido derivado sim, a igreja foi enviada ao mundo para que o muitos sejam salvos. A igreja não deve perder de vista o cerne da sua missão que é levar a mensagem de salvação ao mundo perdido. A igreja pode desenvolver um trabalho que envolva o aspecto social, demonstrando assim o amor ao próximo ensinado nas Escrituras, porém, a igreja não deve ser confundida com uma ONG, como se sua missão fosse apenas suprir necessidades físicas do homem, esquecendo-se da salvação eterna. A missão da igreja envolve o homem por completo! A salvação em Cristo restaura o homem em todos os aspectos da sua vida.
Sofrimento, Jesus torna-se modelo para a igreja, sendo fiel e perseverante até o fim. Em João está claro que, ao identificar-se com Cristo em sua missão, a igreja irá sofrer: "Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Tudo isto, porém, vos farão por causa do meu nome, porquanto não conhecem aquele que me enviou (Jo 15.20-21)... Tenho-vos dito estas coisas para que não vos escandalizeis. Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus. Isto farão porque não conhecem o Pai, nem a mim. (Jo 16.1-3). Este sofrimento fará parte da missão da igreja no mundo, porém, assim como Cristo pôde afirmar: “E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada” (Jo 8.29), a Igreja enquanto cumpre sua missão, fazendo o que agrada ao Senhor, também poderá ter esta mesma convicção, Deus não a deixará só!
A glória de Deus - Jesus, como enviado do Pai, O glorificou ao cumprir fielmente a sua missão: “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer” (Jo 17.4). Da mesma forma a igreja foi chamada para glorificar a Deus por meio da sua missão. Ao comentar o texto de João 17.18, onde Jesus em sua oração sacerdotal diz: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”, Lloyd-Jones (2006, p.24) descreve: “[...] assim como Deus O enviou ao mundo para manifestar a glória de Deus, agora Ele envia os Seus ao mundo exatamente da mesma maneira, para que Ele seja magnificado e glorificado por meio deles”. O alvo último da igreja é glorificar a Deus! Ao cumprir a sua missão com fidelidade e perseverança, baseando-se na missão d'Aquele que foi plenamente fiel, a igreja glorificará e honrará a Deus!
Conclusão
A igreja é convocada a ser cristocêntrica em todos os aspectos, inclusive em sua missão. Ele é o centro de todas as coisas, ele é o parâmetro perfeito para todas as coisas. Quanto mais próximos de Jesus, mais próximos do sucesso na missão. A missão da igreja deve sempre refletir a missão e a pessoa de Cristo!
Bibliografia
Carson, D. A. O comentário de João. São Paulo: Shedd Publicações, 2007.
Costa, Hermisten M. P. Breve teologia da evangelização. Versão digital. São Paulo: PES, 1996.
Ladd, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2003.
Lloyd-Jones, D. Martyn. Santificados mediante a verdade. Série Certeza espiritual: Vol. 3. Versão digital. São Paulo: PES, 2006.
Nicholls, B. J. Contextualização: uma tarefa do Evangelho e Cultura. São Paulo: Vida Nova, 1983.
Packer, J. I. A evangelização e a soberania de Deus. Versão digital. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.
Pino, Carlos del. O apostolado de Cristo e a missão da igreja. Disponível em:http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_V__20
00__1/Carlos.pdf . (Acesso em 03/03/2016 às 17h03min). Artigo da Revista Fides Reformata Vol. V, 2000.
Senior, Donald. Os fundamentos bíblicos da missão. Santo André: Academia Cristã e São Paulo: Paulus, 2010.
Stott, John R. W. A missão da Igreja no mundo de hoje. Belo Horizonte: Editora ABU, 1982
2. As Implicações da Missão de Cristo para a Missão da Igreja
Encarnação - Em sua encarnação, Jesus deixa o modelo para a missão da igreja. NICHOLLS (1983, p. 52) afirma que “o único modelo missiológico supremo é a encarnação”. Na encarnação Jesus foi enviado ao mundo assim como a igreja foi enviada ao mundo. Isto implica que, como Jesus não é do mundo, a igreja também não é, mas ao mundo foi enviada (Jo 17.16-18). Cristo foi enviado em carne para revelar o Pai, Jesus mesmo disse "quem me vê a mim vê aquele que me enviou" (Jo 12.25), ele é a “expressão exata do ser de Deus”. A igreja, por sua vez, deve revelar Cristo ao mundo em sua existência e unidade, expressando quem ele é: "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros" (Jo 13.35). Além disto, na encarnação Cristo se humilhou, modelo este que deve ser seguido pela igreja em sua missão neste mundo (Fp 2.5-11), o qual é ainda enfatizado em João: “Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou” (João 13.14-16).
Autoridade - foi debaixo da sua autoridade que Jesus enviou os seus discípulos. Assim como Cristo foi enviado e recebeu autoridade do Pai, agora a igreja é enviada sob a autoridade do Filho e recebe dele autoridade para representá-lo. O Espírito é dado à igreja para que ela tenha, de fato, esta autoridade na medida certa (Jo 20. 22). Por isso, Jesus pode afirmar: “Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou" (Jo 13.20). A igreja cumpre sua missão não em seu próprio nome, ou em sua própria autoridade, mas na autoridade de Cristo
Proclamação - Jesus deixou claro que as palavras que ele dizia eram do Pai: "Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar"(Jo 12.49). O modelo para a igreja é que, como enviada de Cristo, ela não tem uma mensagem própria, mas deve transmitir a Palavras de Deus. Em sua proclamação, a igreja já tem uma mensagem estabelecida, a Palavra de Deus, o Evangelho de Cristo, não há outra mensagem! A igreja nada deve tirar nem acrescentar à mensagem já estabelecida por Deus, isto demonstra a importância de uma proclamação bíblica. A igreja que abandona a proclamação do Evangelho, deixando de anunciar a Palavra de Deus, que é inspirada, inerrante e completa, para anunciar qualquer outra mensagem, não está cumprindo a sua missão.
Obediência - Jesus demonstra verdadeira submissão ao Pai: “não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.38). A igreja como enviada de Cristo não deve fazer a sua própria vontade, mas a do seu Senhor. Para cumprir a sua missão, a igreja precisa aprender a renunciar sua vontade. Não há cumprimento da missão sem renúncia! Aquele que não renuncia sua própria vontade, não está apto para a missão. Fazer a vontade de Deus deve ser a comida da igreja! Infelizmente, hoje é possível presenciar igrejas que estruturam e desenvolvem todo seu ministério para fazer a vontade dos seus membros, conquanto, deveriam se estruturar para que, em cada aspecto, pudessem fazer a vontade de Deus. A missão da igreja inclui obediência à vontade de Deus revelada nas Escrituras.
Salvação - a obra de salvação em favor do seu povo é o propósito central da missão de Cristo ao vir ao mundo. Ele veio para salvar (Jo 3.17), esse foi o motivo pelo qual o Pai o enviou. A igreja não foi enviada para salvar neste sentido restrito, mas no sentido derivado sim, a igreja foi enviada ao mundo para que o muitos sejam salvos. A igreja não deve perder de vista o cerne da sua missão que é levar a mensagem de salvação ao mundo perdido. A igreja pode desenvolver um trabalho que envolva o aspecto social, demonstrando assim o amor ao próximo ensinado nas Escrituras, porém, a igreja não deve ser confundida com uma ONG, como se sua missão fosse apenas suprir necessidades físicas do homem, esquecendo-se da salvação eterna. A missão da igreja envolve o homem por completo! A salvação em Cristo restaura o homem em todos os aspectos da sua vida.
Sofrimento, Jesus torna-se modelo para a igreja, sendo fiel e perseverante até o fim. Em João está claro que, ao identificar-se com Cristo em sua missão, a igreja irá sofrer: "Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Tudo isto, porém, vos farão por causa do meu nome, porquanto não conhecem aquele que me enviou (Jo 15.20-21)... Tenho-vos dito estas coisas para que não vos escandalizeis. Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus. Isto farão porque não conhecem o Pai, nem a mim. (Jo 16.1-3). Este sofrimento fará parte da missão da igreja no mundo, porém, assim como Cristo pôde afirmar: “E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada” (Jo 8.29), a Igreja enquanto cumpre sua missão, fazendo o que agrada ao Senhor, também poderá ter esta mesma convicção, Deus não a deixará só!
A glória de Deus - Jesus, como enviado do Pai, O glorificou ao cumprir fielmente a sua missão: “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer” (Jo 17.4). Da mesma forma a igreja foi chamada para glorificar a Deus por meio da sua missão. Ao comentar o texto de João 17.18, onde Jesus em sua oração sacerdotal diz: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”, Lloyd-Jones (2006, p.24) descreve: “[...] assim como Deus O enviou ao mundo para manifestar a glória de Deus, agora Ele envia os Seus ao mundo exatamente da mesma maneira, para que Ele seja magnificado e glorificado por meio deles”. O alvo último da igreja é glorificar a Deus! Ao cumprir a sua missão com fidelidade e perseverança, baseando-se na missão d'Aquele que foi plenamente fiel, a igreja glorificará e honrará a Deus!
Conclusão
A igreja é convocada a ser cristocêntrica em todos os aspectos, inclusive em sua missão. Ele é o centro de todas as coisas, ele é o parâmetro perfeito para todas as coisas. Quanto mais próximos de Jesus, mais próximos do sucesso na missão. A missão da igreja deve sempre refletir a missão e a pessoa de Cristo!
Bibliografia
Carson, D. A. O comentário de João. São Paulo: Shedd Publicações, 2007.
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Ladd, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2003.
Lloyd-Jones, D. Martyn. Santificados mediante a verdade. Série Certeza espiritual: Vol. 3. Versão digital. São Paulo: PES, 2006.
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Pino, Carlos del. O apostolado de Cristo e a missão da igreja. Disponível em:http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_V__20
00__1/Carlos.pdf . (Acesso em 03/03/2016 às 17h03min). Artigo da Revista Fides Reformata Vol. V, 2000.
Senior, Donald. Os fundamentos bíblicos da missão. Santo André: Academia Cristã e São Paulo: Paulus, 2010.
Stott, John R. W. A missão da Igreja no mundo de hoje. Belo Horizonte: Editora ABU, 1982
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